Quais são os procedimentos ginecológicos mais frequentes e por que são necessários?
Postado em: 16/10/2024
Ao longo da vida, é comum surgir algum sintoma ou o ginecologista identificar algo fora do normal em uma consulta de rotina. Quando isso acontece, pode ser necessário realizar um procedimento ginecológico ou até uma cirurgia.
Com os avanços tecnológicos, muitos desses procedimentos se tornaram menos invasivos e com recuperação mais rápida. Vou explicar os principais procedimentos ginecológicos e por que eles são tão importantes para sua saúde.
Curetagem
A curetagem é um procedimento cirúrgico em que realizo a raspagem das paredes do útero para remover seu conteúdo. Em geral, é indicada em casos de aborto ou sangramento uterino grave, mas também pode ser recomendada para examinar o endométrio em busca de anormalidades.
Esse procedimento pode ser realizado em clínicas ou hospitais, sob anestesia – que nem sempre é geral. Na maioria das vezes, a curetagem é rápida, permitindo que você volte para casa no mesmo dia.
A curetagem é indicada para:
- Remover restos ovulares após um aborto;
- Retirar restos de placenta após um parto normal;
- Controlar sangramentos uterinos intensos;
- Remover pólipos do útero;
- Diagnosticar cânceres uterinos;
- Remover tecidos anormais em casos de gravidez molar.
Histeroscopia
A histeroscopia é outro procedimento ginecológico comum que uso para observar diretamente o interior do útero e das trompas de Falópio. Com o histeroscópio, um aparelho que me permite uma visualização precisa do revestimento uterino, consigo diagnosticar e tratar várias condições ginecológicas.
A histeroscopia pode ser usada para:
- Remover fibromas ou pólipos no útero ou colo do útero;
- Fazer biópsias de tecidos uterinos ou cervicais;
- Aplicar tratamentos, como calor ou corrente elétrica, para evitar sangramentos futuros ou tratar problemas existentes.
Esse procedimento é recomendado em casos de:
- DIU mal posicionado;
- Resultados anormais no exame de Papanicolau;
- Sangramentos uterinos excessivos ou sem explicação;
- Abortos repetidos;
- Presença de cicatrizes ou miomas;
- Sangramento pós-menopausa.
Criocirurgia cervical
A criocirurgia cervical é um tratamento que utilizo para remover células anormais ou potencialmente perigosas do colo do útero. Nesse procedimento, aplico nitrogênio líquido ou outros agentes congelantes para destruir essas células, que podem ser pré-cancerosas ou de um câncer de colo do útero em estágio inicial.
Ablação endometrial
A ablação endometrial é um procedimento que uso para tratar sangramentos menstruais excessivos ou irregulares. Com ele, removemos o revestimento do útero, reduzindo ou até interrompendo o fluxo menstrual.
Essa técnica é minimamente invasiva e não envolve cortes. Podemos realizar a ablação com diferentes métodos, como radiofrequência, substâncias congelantes ou aquecidas, entre outros.
Eu costumo recomendar a ablação endometrial quando a paciente apresenta:
- Sangramento menstrual que dura mais de 9 a 10 dias seguidos;
- Anemia causada por perda excessiva de sangue durante a menstruação;
- Menstruações extremamente intensas, que exigem a troca de absorvente a cada duas horas ou menos.
Embora seja possível engravidar após o procedimento, isso requer um acompanhamento rigoroso, pois há riscos como gravidez ectópica. Se você está considerando a esterilização, esse procedimento pode ser realizado em conjunto com a ablação.
Laparoscopia
A laparoscopia é uma técnica cirúrgica minimamente invasiva que permite uma visualização detalhada dos órgãos reprodutivos e do abdômen. Em vez de tratar diretamente um problema, a laparoscopia é amplamente utilizada para diagnóstico, fornecendo uma visão precisa do que está acontecendo no seu corpo.
Através de uma pequena incisão, insiro uma câmera que permite visualizar órgãos como fígado, útero, ovários, trompas de Falópio e baço. A laparoscopia é especialmente útil quando exames como ultrassonografia ou ressonância magnética não conseguem fornecer um diagnóstico claro.
Utilizo a laparoscopia para:
- Examinar as trompas de Falópio em busca de obstruções;
- Verificar a presença de massas ou irregularidades nos tecidos;
- Investigar causas de dor abdominal ou pélvica;
- Diagnosticar doenças como endometriose ou doença inflamatória pélvica (DIP).
Histerectomia
A histerectomia é a cirurgia de remoção do útero, uma decisão definitiva que tomamos com muita cautela. Há dois tipos principais de histerectomia: a parcial, que remove apenas o útero, deixando o colo do útero intacto, e a total, que remove tanto o útero quanto o colo do útero.
Embora seja um procedimento de grande porte, muitas vezes é a solução mais eficaz para tratar certas condições. As indicações comuns para uma histerectomia incluem:
- Prolapso uterino, que pode provocar incontinência urinária, pressão pélvica ou dificuldade para evacuar;
- Câncer de colo do útero ou do útero;
- Dor pélvica crônica não resolvida por outros tratamentos, frequentemente relacionada a miomas ou endometriose;
- Menstruações muito intensas ou anormais;
- Miomas uterinos que não respondem a outros tratamentos;
- Hiperplasia endometrial, quando o revestimento uterino se torna muito espesso.
Dependendo do seu caso, pode ser necessário remover também as trompas de falópio e os ovários, principalmente se houver risco elevado de tumor ou se o câncer já tiver sido diagnosticado.
Quer cuidar da sua saúde íntima e precisa de orientação sobre procedimentos ginecológicos? Agende uma consulta comigo e juntos encontraremos a melhor solução para o seu bem-estar.
Dr. Marcello Rocco
Ginecologia e Obstetrícia
CRM-SP: 117186 I RQE: 36.896
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