Tratamento de Corrimento Vaginal / Candidíase (Vulvovaginite)
Postado em: 26/09/2024
Ter secreção vaginal é normal
A vagina é naturalmente lubrificada por fluidos eliminados pelas glândulas vaginais e vulvares, podendo apresentar secreção clara, transparente ou branca, sem odor forte, coceira, inflamação, incômodo ou outro sintoma associado. A secreção pode aparecer em determinados dias do ciclo menstrual e desaparecer em outros.
Essa característica é normal e saudável, sinal de que a flora vaginal (composta por bactérias e fungos) está em perfeito equilíbrio, em auto-regulação e com pH adequado.
Quando a secreção é sinal de inflamação e/ou infecção
Quando ocorre alguma falha no mecanismo de correção e de equilíbrio da flora vaginal, a população de bactérias e/ou a população de fungos pode aumentar, resultando em uma secreção vaginal amarelada, esverdeada ou branca com odor forte. Esta secreção é conhecida como “corrimento”, que é mais duradoura e em maior quantidade do que a secreção normal, além de causar sintomas e queixas (como coceira, inflamação e ardência na relação sexual). É um problema muito comum, com alta prevalência entre as mulheres, principalmente as com vida sexual ativa.
Este desequilíbrio da flora vaginal pode ser provocado por:
- stress e problemas na alimentação, que provocam baixa da imunidade;
- uso de medicamentos que alteram o pH vaginal;
- uso de antibióticos que diminuem a população de bactérias da flora vaginal, o que favorece o crescimento de fungos, principalmente a cândida (provocando a candidíase);
- relação sexual (por causa do atrito, uso de preservativo ou contato com a secreção masculina);
- doenças crônicas;
- doença sexualmente transmissível (DST), como gonorreia e clamídea.
Como é feito o tratamento do corrimento
O diagnóstico de vulvovaginite feito pelo médico ginecologista é basicamente clínico, considerando os sintomas, queixas e histórico da paciente, bem como as características da secreção vaginal avaliadas durante o exame ginecológico.
O tratamento consiste no uso de antibióticos via oral (dose única ou por 7 dias, conforme o caso) e uso de cremes tópicos vaginais com antibiótico/antifúngico de amplo espectro (que combatem desde as bactérias mais comuns até as mais patogênicas), para aliviar os sintomas da paciente.
Em alguns casos, o parceiro também deve ser tratado, principalmente em quadros de corrimento de repetição, em que também pode ser solicitada a análise laboratorial da secreção para confirmar o agente patogênico.
A consequência de um corrimento importante não tratado corretamente
Se as bactérias que estão provocando o corrimento são as sexualmente transmissíveis (como da gonorreia e clamídia) ou são as bactérias mais patogênicas presentes na flora vaginal (como Gardnerella vaginalis), e o quadro não é tratado corretamente, pode levar à infecção ascendente, ou seja: a infecção chega a contaminar o útero (causando endometrite) ou as trompas (causando salpingite).
Isso pode provocar esterilidade feminina e gravidez ectópica (gravidez nas trompas uterinas). Um dos sinais de infecção no útero é sentir dor no ato sexual ou no exame de ultrassom transvaginal.
Principais Mitos:
Papanicolau é um exame feito para diagnosticar/tratar o corrimento?
Não! O principal objetivo do exame papanicolau é fazer a triagem para prevenção do câncer do colo do útero. Não é a conduta correta em caso de corrimento.
Usar banheiro público pode causar corrimento?
Muito raramente! Bactérias e fungos presentem na borda dos sanitários não sobrevivem no ambiente de pH ácido da vagina.
Ficar de biquíni úmido por tempo prolongado pode causar corrimento?
Muito raramente! Este pode ser um dos fatores, mas não um fator isolado. Normalmente, é a soma de diversos fatores que provoca o desequilíbrio da flora vaginal, causando o corrimento.
Usar protetor diário de calcinha ou sabonete íntimo ajuda a evitar corrimento?
Não! Para algumas mulheres, o protetor diário de calcinha não faz nenhuma diferença, mas para outras mulheres pode ser inclusive um dos fatores para a ocorrência de corrimento mais frequente ou para o aumento da secreção, por provocar um quadro de alergia ou de aumento de umidade. O uso de sabonete íntimo é absolutamente indiferente.
Tire todas as suas dúvidas numa consulta de avaliação clínica e orientação.